© Cláudio Noy

Método do Projeto

A Educação pela Ação é uma das caraterísticas do Método Escutista, fornecendo ao escuteiro as ferramentas para que possa formar-se e auto-educar-se, sempre visando tornar-se um membro ativo e responsável na sua comunidade.

De facto, através do Aprender Fazendo, a criança ou o jovem vai progressivamente experimentando, sentindo, vivendo novas formas de fazer, pondo “as mãos na massa”, sendo sempre chamado a ser um elemento ativo e dinâmico da sua própria aprendizagem.

Ao longo deste processo, a criança vai adquirindo mais autonomia e responsabilidade no desempenho das suas tarefas, ao mesmo tempo que explora e desenvolve capacidades e vai percebendo o sentido das coisas que foi aprendendo. Esta aprendizagem ativa deve acontecer nos mais diversos momentos da atividade escutista.

De forma particular, a Atividade Típica da Secção – a Caçada – desenvolvida segundo o Método do Projeto permite todo este crescimento, individual e coletivo.

O que é um Projeto?

É um conjunto determinado de ações interrelacionadas que se planeiam e implementam tendo em vista objetivos específicos, num dado espaço de tempo. É uma ferramenta fundamental no Escutismo para a prossecução de objetivos comuns e contando com o envolvimento de todos.

Para que serve?
Esta ferramenta permite aos Lobitos:
- desenvolver capacidades de diálogo e cooperação;
- participar genuinamente nas decisões que lhes dizem respeito, exercitando a comunicação e a expressão ativa das opiniões;
- desenvolver a responsabilidade pelas tarefas assumidas;
- compreender a importância de atingir objetivos e metas;
- descobrir talentos e gostos pessoais;
- trabalhar as mais diversas competências pessoais;
- adquirir hábitos de trabalho em projeto.

A Caçada é o projeto que a Alcateia prepara e desenvolve ao longo de algumas semanas (uma dois meses), remetendo este título para o imaginário da Selva e para as aventuras de caça de Máugli e sua família. Nessas caçadas, Máugli e seus irmãos Lobitos aprendiam os rudimentos da arte de caçar, ao mesmo tempo que conheciam o meio à sua volta e nele se movimentavam com segurança, entre plantas e animais. Sempre movidos pela sua própria curiosidade, sob o olhar atento de Racxa e do Pai Lobo.

Também os Lobitos aprenderão imenso em cada Caçada por si “sonhada”, construída e vivida, desde as mais pequenas tarefas, assumidas em colaboração e esforço coletivo. Sob orientação da Equipa de Animação, claro.

É desejável que se realize uma Caçada por trimestre, na qual toda a Alcateia e todos os Bandos se envolvem, tendo em atenção o seguinte:
- o imaginário adequado à faixa etário e rico em conteúdo;
- as atividades adequadas as idades e caraterísticas dos Lobitos;
- que possua tempos de preparação e realização razoáveis;
- que permita o Progresso Pessoal de cada Lobito;
- que permita a existência de tarefas específicas para cada Lobito, para que todos possam contribuir “Da melhor Vontade” e sentirem-se felizes.

 

1.ª fase – Idealização e Escolha

Nesta fase, devem realizar-se as seguintes ações;
- motivação prévia realizada no Conselho de Guias;
- desenvolvimento de ideias em Bando;
- apresentação criativa dos projetos dos Bandos no Conselho de Alcateia;
- Escolha democrática de um dos projetos apresentados.

2.ª fase – Preparação
Nesta fase, devem realizar-se os seguintes passos:
- enriquecimento no Conselho de Guias (aspetos a reforçar, outros objetivos a incluir, pormenores operacionais de destaque, inclusão de ideias dos restantes projetos);
- análise dos Objetivos concretos a atingir;
- atividades a adicionar;
- verificação da dimensão escutista do projeto (valores);
- verificação da presença dos elementos do Método Escutista;
- inclusão dos Progressos Pessoais dos Lobitos;
- dinamização de ateliers/oficinas/comissões técnicas relacionadas com o projeto, devidamente calendarizadas e anotadas no Painel da Caçada.

3.ª fase – Realização
Nesta etapa, vive-se o projeto e cumpre-se tudo o que foi preparado antes: ações, acampamentos, jogos, visitas, construções, etc.

4.ª fase – Avaliação
Esta última etapa é importantíssima e deve acontecer a vários níveis:
- no Conselho de Guias;
- na Alcateia;
- no Bando.
Consiste na análise do que foi realizado, aferindo como correram as atividades e se se atingiram os objetivos delineados.
- pode ser realizada a “quente”, logo no fim da atividade final;
- algum tempo depois, proporcionando alguma reflexão menos emotiva;
- deve ser feita de forma criativa e motivadora;
- deve colocar questões concretas: O que correu bem? Que erros se cometeram? Que objetivos não se alcançaram? Porquê? Que sugestões para o futuro…
- deve reconhecer o progresso pessoal, ao nível dos trilhos e das especialidades.


É a concretização gráfica do projeto sonhado, que serve também como elemento motivador durante a realização do projeto, através das suas atualizações constantes, que vão mantendo os Lobitos atentos e envolvidos.
Deve referenciar 6 aspetos fundamentais:
- O quê? – tipo de atividade.
- Quando? – datas da preparação e datas da atividade final.
- Onde? – local da atividade final.
- Quem? – os participantes. 
- Como? – tarefas necessárias e atividades específicas.
- Para quê? – Objetivos e Progresso Pessoal.
Naturalmente, quanto maior for a colaboração dos Lobitos na criação do Painel de Caçada e na sua manutenção, maior será o seu impacto e melhor cumprirá a sua função na dinamização do projeto.


“É dever do Dirigente orientar e não substituir os escuteiros na planificação e realização de de atividades ou tarefas. Só assim se permite o desenvolvimento da autonomia e a auto-formação das nossas crianças e jovens.”

Ultima atualização 24.11.2016 Visualizações 23118
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