© Gonçalo Vieira

Sistema de Progresso

Sendo o auto-desenvolvimento de cada criança e jovem a finalidade do Escutismo, a progressão pessoal, que se concretiza nos objetivos educativos, constitui a métrica proposta para cada etapa etária.

O Sistema de Progresso, que procura envolver – de forma consciente – cada criança e jovem no seu próprio desenvolvimento, é a principal ferramenta de suporte à progressão pessoal, assentando numa perspetiva personalista, considerando as características individuais de cada um, e baseando-se num conjunto de objetivos educativos.

O Sistema de Progresso permite, pois, atingir os objetivos educativos da secção [adquirir conhecimentos, competências e atitudes], sendo um fator de motivação para a criança ou jovem [ser e fazer melhor], sendo, portanto, um guia no seu percurso de desenvolvimento, oportunidade de aprofundamento de habilidades próprias e de valorização pessoal ou até mesmo de descoberta vocacional. O Sistema de Progresso impulsiona o jovem a adquirir hábitos de análise e planeamento da sua vida.

A Estrutura do Sistema de Progresso

A passagem das crianças e dos jovens por uma secção é distribuída em duas grandes fases – a integração e a vivência. Durante a integração, as crianças e os jovens realizam a sua adesão e são sujeitos a um diagnóstico inicial; durante a vivência, evoluem nas etapas de progresso.

Todas as crianças e jovens são diferentes em diversos aspectos [idade, contextos familiares e escolares, níveis de desenvolvimento, aptidões e dificuldades], pelo que poderão estar em estádios de desenvolvimento pessoal diferentes, não obstante a similitude de idades.

Assim, logo ao chegar a uma secção, a criança ou jovem é sujeito a um diagnóstico inicial, pelo qual se afere o respetivo grau de maturidade e, em consonância, se irá definir o respetivo posicionamento, após concretizada a adesão, em termos de etapa de progresso [ou seja, que objetivos educativos já cumpre e que equivalência será atribuída em termos de etapa de progresso].

A responsabilidade do diagnóstico inicial é do Chefe de Unidade, o qual o deve realizar, conforme a idade e maturidade da criança ou jovem, a partir de uma conversa informal com o próprio, com os respetivos pais, com a colaboração do respetivo Guia, bem como através da observação do aspirante ou noviço durante as primeiras atividades, podendo-se, ainda, recorrer a dinâmicas e jogos específicos para o efeito.

Este procedimento é crucial para a posterior escolha dos trilhos [objectivos, no caso do Clã], uma vez que esta escolha deve ter em consideração as necessidades de desenvolvimento da criança ou jovem. O aspirante ou noviço deverá ser incentivado a escolher, anualmente, um trilho por área de desenvolvimento pessoal [dois a três objectivos por área de desenvolvimento pessoal, no caso do Clã] onde as suas necessidades de desenvolvimento sejam mais prementes, e a concretizá-los em acções concretas.

Assim, no reconhecimento do progresso pessoal, o posicionamento do aspirante ou noviço, após a fase da adesão será:

  • até 1 trilho de cada área de desenvolvimento alcançado – 1.ª etapa;
  • entre 1 e 2 trilhos de cada área de desenvolvimento alcançados – 2.ª etapa;
  • entre 2 e 3 trilhos de cada área de desenvolvimento alcançados – 3.ª etapa.

Assim, o cumprimento de uma etapa pressupõe sempre o cumprimento de, pelo menos, [mais] um trilho de cada área de desenvolvimento pessoal [exceto na última etapa, que termina com o cumprimento pleno de todos os trilhos].

A adesão, que antecede e é concomitante com o diagnóstico inicial, regista-se em dois momentos distintos – a adesão informal e a adesão formal.

A adesão informal, inexistente na Alcateia, inicia-se no princípio do último trimestre da vivência escutista na Unidade precedente. Neste período, a criança ou jovem continua a pertencer e a viver em pleno as dinâmicas da sua Unidade. Porém, para que se vá familiarizando, de forma informal, com a Secção seguinte, vai sendo convidado a conhecer a respectiva sala, Equipa de Animação e elementos, modo de funcionamento, uma pequena actividade; num esquema participado e protagonizado, sobretudo, pelos Guias da Secção que os irá receber.

Com a passagem de secção, no início do ano escutista, tem então início a adesão formal, recebendo o aspirante ou noviço, de imediato, a respetiva insígnia de adesão.

O objetivo da adesão formal é o de valorizar a tomada de consciência individual do aspirante ou noviço sobre o funcionamento da Unidade, a vivência quotidiana das atividades típicas, a mística e a simbologia, bem como os compromissos que se esperam na nova secção.

É com base nessa tomada de consciência individual que cada aspirante ou noviço toma, por si, a decisão de se propor a aderir à secção, o que se concretizará com o ato da sua Promessa.

A decisão de adesão dos aspirantes e noviços é tomada nos Conselhos de Guias, sendo posteriormente validada nos Conselhos de Unidade.

A Promessa, momento marcante da vida de cada Escuteiro e acto que concretiza a adesão de cada criança ou jovem a mais uma etapa do seu desenvolvimento pessoal deve ocorrer no prazo de dois meses.

Celebrada a Promessa, a criança ou jovem entra na fase da vivência da secção. A proposta de progresso assenta na aquisição de conhecimentos, competências e atitudes, com base nas três vertentes do saber – o saber-saber, o saber-fazer e o saber-ser.

Pretende-se que a dinâmica de progresso vá de encontro aos objetivos definidos para os trilhos, no quadro das áreas de desenvolvimento pessoal. Assim, progredir significará atingir objetivos, ao invés de aumentar o nível de proficiência em conhecimentos, competências e atitudes já anteriormente obtidos.

Existindo seis áreas de desenvolvimento pessoal, em cada uma três trilhos educativos e, nestes um ou mais objetivos educativos, cada criança ou jovem é chamado a construir a sua etapa de progresso anual, selecionando um trilho de cada uma das diferentes áreas de desenvolvimento pessoal [pelo menos dois objetivos por área de desenvolvimento pessoal, no caso do Clã].

A escolha compete inteiramente à criança ou jovem, o qual contará com o apoio e colaboração do seu Guia e Equipa de Animação no diagnóstico dos conhecimentos, competências e atitudes já detidos, na seleção dos trilhos educativos [objetivos, no caso do Clã] que irão constituir as suas etapas e na observação da evolução dos conhecimentos, competências e atitudes que são quotidianamente vividos no seio da Unidade e que contribuem para validar os objetivos educativos como atingidos.

O progresso concretiza-se quer através das oportunidades educativas que a vivência escutista oferece, quer através de outras oportunidades experienciadas no seio da família ou da comunidade, ou seja, tudo o que as crianças e os jovens fazem dentro e fora das atividades escutistas ajuda-os a alcançar os objetivos educativos da secção; portanto, a crescer nas seis áreas de desenvolvimento pessoal.

Os objetivos educativos que se apresentam às crianças e aos jovens não são mais do que propostas ou desafios que podem ser alcançados de forma atrativa e divertida, no seio de um grupo de pares, propostas que permitem que cada criança e jovem viva experiências enriquecedoras, experiências que levam ao desenvolvimento pessoal.

As oportunidades educativas – sejam atividades que se vivam, cargos ou funções que se exerçam, responsabilidades que se assumam, etc. – contribuem, assim, para o alcance dos objectivos educativos de uma forma indirecta e progressiva.

Não existe uma relação direta entre a realização de uma oportunidade educativa e o cumprimento de um objetivo educativo. É mediante a avaliação do desenvolvimento da criança ou jovem – e não da realização ou não da oportunidade educativa – que o cumprimento de cada objetivo educativo é aferido.

A avaliação dos conhecimentos, competências e atitudes adquiridos e a validação de objetivos educativos concluídos devem ser feitas de forma contínua, ao longo da vivência escutista da criança ou do jovem. O reconhecimento desses objetivos e a consequente atribuição de trilhos educativos ou de etapas de progresso concluídas deve ser feito na fase da celebração das atividades típicas, devendo envolver o elemento, o seu bando, patrulha, equipa ou tribo, o Conselho de Guias, e a Equipa de Animação.

Nesta vertente reforça-se o papel e a importância dos pares, ou seja, o papel dos Guias e do Conselho de Guias no acompanhamento e na avaliação do progresso pessoal dos seus elementos, de uma forma muito simples e orientada.

O Conselho de Guias, será o espaço privilegiado para a tomada de decisões relacionadas com o progresso dos elementos – escolhas de percurso, avaliação e reconhecimento de progresso, abordagem que implicará, naturalmente, o acompanhamento por parte da Equipa de Animação, ajudando na formação de opiniões e na tomada de decisões em conjunto.

Caminheiro que estiver na Etapa Partida, o seu último ano de Clã, é incentivado a comprometer-se com uma causa pessoal – o Desafio, que envolva uma ação mais continuada no tempo [mínimo de 3 meses] e privilegie um esforço de cooperação ou de voluntariado com uma instituição ou organização escolhida pelo Caminheiro.

Esta ação, que deve ser apresentada e partilhada no Clã e da qual o Caminheiro deve ir dando testemunho da sua experiência, constitui uma excelente oportunidade para o Caminheiro concluir o seu progresso pessoal, no intuito de receber a Partida.

Caminheiro que estiver na Etapa Partida, o seu último ano de Clã, é incentivado a comprometer-se com uma causa pessoal – o Desafio, que envolva uma ação mais continuada no tempo [mínimo de 3 meses] e privilegie um esforço de cooperação ou de voluntariado com uma instituição ou organização escolhida pelo Caminheiro.

Esta ação, que deve ser apresentada e partilhada no Clã e da qual o Caminheiro deve ir dando testemunho da sua experiência, constitui uma excelente oportunidade para o Caminheiro concluir o seu progresso pessoal, no intuito de receber a Partida.

Quando um Caminheiro termina o seu progresso pessoal, cumprindo a totalidade dos objetivos educativos finais, receberá a Partida, sinal de que o seu processo educativo terminou e está, assim, preparado para a vida. A Partida de um Caminheiro é auto-proposta quando este se sente preparado, tendo, no entanto, que ser aprovada em Conselho de Clã.

 

Ultima atualização 04.01.2018 Visualizações 41290
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