A vivência escutista, independentemente do escalão etário, baseia-se sempre num ambiente simbólico forte que lhe dá enquadramento, coerência e consistência.
Cada secção possui e vive um imaginário próprio, isto é um ambiente que a envolve e que se traduz por um espírito e uma linguagem próprios, uma história com heróis e símbolos, induzindo a um sentimento de pertença em relação ao grupo e permitindo a transmissão de determinados valores:
- O Livro da Selva, escrito por Rudyard Kipling [em dois volumes] é o ambiente onde o Lobito vive as suas atividades.
- Para o Explorador, o imaginário desenvolve-se em torno da figura do próprio Explorador – aquele que vai mais longe, mais além, aquele que descobre.
- Para o Pioneiro, o imaginário desenvolve-se em torno da figura do próprio Pioneiro – aquele que desbrava, que se instala, que constrói, que desenvolve.
- Já os Caminheiros não possuem imaginário formal permanente, pois os Caminheiros, como jovens adultos, já perspetivam as suas ações em prática no terreno real, na vida do dia-a-dia.
Concomitantemente, cada secção possui e vive uma mística própria, isto é uma proposta de enquadramento temático e de vivência espiritual que visa aprofundar a descoberta de Deus e a comunhão em Igreja.
A Mística do Programa Educativo do Corpo Nacional de Escutas assenta num esquema de quatro etapas, com vista a uma formação humana e cristã integral, sólida e madura. Estas etapas são sequenciais – cada uma é trabalhada para uma secção, ainda que de forma não estanque – e complementam-se [nenhuma vale por si mesma], na medida em que estão interligadas e adquirem o seu pleno sentido na sobreposição das partes. Desenrolam-se na lógica de um caminho a percorrer, constituindo um itinerário de crescimento individual e comunitário proposto a cada Escuteiro:
- O louvor ao Criador: o Lobito louva Deus-Criador, descobrindo-O no que o rodeia;
- A descoberta da Terra Prometida: o Explorador aceita a Aliança que o conduz à descoberta da Terra Prometida;
- A Igreja em construção: o Pioneiro assume o seu papel na construção da Igreja de Cristo;
- A vida no Homem Novo: o Caminheiro vive cristãmente em todas as dimensões do seu ser.
No percurso sugerido, procura-se que o Escuteiro compreenda que a sua vida tem duas dimensões, uma sobrenatural e uma natural, e que ambas se relacionam intimamente: Cristo, Senhor da Vida, não se reduz à vivência espiritual e mística do Homem; Ele está presente na vida do dia-a-dia e ao longo de toda a existência humana. É, por isso, presença constante na vida de um Escuteiro.
Nesta perspetiva, o itinerário proposto está sempre centrado em Cristo, pois tem no Senhor o seu centro e fonte de irradiação de sentido.
Para que toda esta vivência seja completa, existe uma panóplia de símbolos – elementos/objetos representativos de realidades, características ou atitudes que materializam o ideal proposto na mística de cada secção – que ajudam a transmitir e reforçar o ideal presente no imaginário e na mística.
No Projeto Educativo do CNE, todas as secções têm o seu símbolo identificativo, podendo este ser único ou integrado num conjunto de símbolos complementares.
O Projeto Educativo do CNE recorre ainda a patronos – santos ou beatos da Igreja que no decurso da sua vida encarnaram na plenitude os valores que se pretendem transmitir através da mística e do imaginário de uma determinada secção, sendo por isso escolhido como protetor e exemplo de vivência para os jovens dessa mesma secção.
Acima de todos, temos Santa Maria, Mãe dos Escutas; seguem-se São Jorge – patrono mundial do Escutismo – e São Nuno de Santa Maria – patrono do Corpo Nacional de Escutas.
Cada secção tem, depois, o seu patrono próprio:
- Alcateia – São Francisco de Assis;
- Expedição – São Tiago Maior;
- Comunidade – São Pedro;
- Clã – São Paulo.
Adicionalmente, cada secção recorre ainda a modelos de vida – figuras da Igreja Católica que, à semelhança do patrono, também encarnam os valores e ideais da mística e do imaginário da secção e que exprimem a diversidade de caminhos e carismas possíveis para os viver – e a grandes figuras históricas – personalidades que na sua vida realizaram grandes feitos, associados ao imaginário da secção, que marcaram a história da humanidade.