O Escutismo é um movimento à escala mundial reunindo 176 Organizações Escutistas Nacionais, presentes em mais de 200 países e territórios, constituído por mais de 57 milhões de rapazes e raparigas, homens e mulheres em todo o mundo. Estes jovens estão apoiados por milhões de voluntários dedicados, que participam em atividades, projetos e eventos escutistas no mundo inteiro.
Fundado em 1907, em Inglaterra, por Baden Powell, o Escutismo pretende proporcionar aos jovens uma formação global, de modo a serem cidadãos participativos e responsáveis nas suas comunidades. A nível internacional, é um movimento que fomenta a educação para a paz, através de um espírito de compreensão e solidariedade entre os povos, despertando nos jovens o respeito pela interculturalidade, tornando-os verdadeiros cidadãos do mundo.

O Escutismo é um movimento educacional e formativo, uma escola de ensino não-formal, criado com o propósito de contribuir para a educação integral das crianças e jovens de ambos os sexos, baseado na adesão voluntária a um quadro de valores expressos na Promessa e Lei escutistas, através de um método original que permite a cada jovem ser protagonista do seu próprio crescimento, para que se sinta plenamente realizado e desempenhe um papel construtivo na sociedade. A sua principal finalidade é contribuir para a educação dos jovens, rapazes e raparigas, através de um sistema de autoeducação progressiva baseado num sistema de valores – adesão à Lei e Promessa do Escutismo – de acordo com o ideal de B-P.
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O Corpo Nacional de Escutas
O CNE (Corpo Nacional de Escutas) e a AEP (Associação de Escoteiros de Portugal) fazem parte da FEP (Federação Escutista de Portugal), a organização escutista nacional que representa ambas as associações a nível da Organização do Movimento Escutismo (OMME). Consciente da existência de uma sociedade global e de uma maior cooperação e interação entre os povos, tendo por base a dimensão global do movimento escutista e convicto da importância da dimensão internacional para o crescimento integral dos jovens, o CNE possui uma política internacional que pretende nortear a dinamização desta vertente na associação. Procura promover a fraternidade escutista mundial junto dos membros da associação, garantindo a qualidade do Escutismo praticado pelos elementos do CNE, no contexto internacional, dentro e fora do país, proporcionando oportunidades educativas ímpares. Numa perspetiva educativa, colocamos o enfoque nos jovens, promovendo junto destes o sentido de pertença a um movimento à escala mundial para que possam desenvolver uma postura e consciência de cidadão global, conhecedor do seu lugar no mundo, potenciando o conhecimento de diferentes culturas, tradições, religiões e espiritualidades e explorando dimensões educativas adicionais capazes de contribuir para o seu desenvolvimento integral.
O Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português – nasceu em Braga a 27 de maio de 1923. Foram seus fundadores o Arcebispo D. Manuel Vieira de Matos e Dr. Avelino Gonçalves, que em Roma mantiveram os primeiros contactos com o Movimento, quando ali assistiram, em 1922, a um desfile de 20.000 Escutas, por ocasião do Congresso Eucarístico Internacional que esse ano se realizou na Cidade Eterna.
Depois de bem documentados regressaram a Braga e rodearam-se de um grupo de 11 bracarenses corajosos e valentes que, a 24 de Maio de 1923, faziam a sua primeira reunião, no prédio n° 20 da Praça do Município, para estudarem a possibilidade e oportunidade da criação de um grupo de Scouts Católicos em Portugal: Assim nasceu o Corpo de Scouts Católicos Portugueses, cujos estatutos foram aprovados a 27 de Maio desse mesmo ano pelo governador civil de Braga, e confirmados em 26 de Novembro pela portaria n° 3824 do Ministério do Interior e Direção Geral de Segurança, começando a partir desse dia a existir oficialmente, com legalidade e personalidade jurídica.
A 26 de Maio de 1924 é publicado o Decreto-lei n° 9729, que confirma a aprovação dos estatutos e alarga a todo o território Português o âmbito da Associação. Em Janeiro de 1925, reuniu em Braga, pela primeira vez a Junta Nacional com: D. Manuel Vieira de Matos, Diretor Geral; D. José Maria de Queirós e Lencastre, Comissário Nacional; Dr. Avelino Gonçalves, Inspetor-Mór; Cap. Graciliano Reis S. Marques, 1.° Vogal e Álvaro Benjamim Coutinho, 2.° Vogal.

O Movimento estende-se de Norte a Sul de Portugal e, como meio de informação entre todas as Unidades apareceu em Fevereiro de 1925 o 1.° número do jornal “Flor de Lis” que mais tarde, em Janeiro de 1945, se apresentava em forma de Revista.
Ainda em 1925, a 28 de Fevereiro, o Diário de Governo, com o Decreto n.° 10589, de 14 de Fevereiro, ratifica a aprovação dos Estatutos do CNS, cujo documento foi assinado por Manuel Teixeira Gomes, Presidente do Ministério, Hélder Armando dos Santos Ribeiro, Ministro da Guerra. A 15 de Março foi aprovada a nova redação do Regulamento Geral e ainda nesse ano, alguns responsáveis do Movimento deslocaram-se a Roma e foram recebidos pelo Papa Pio Xl, que lhes dirigiu palavras de muito apreço e encorajamento pelo progresso e expansão do Movimento, em Portugal.

No ano de 1934 foi publicado o 1.° Regulamento que permite a entrada de Senhoras para o CNS como Dirigentes de Alcateias e a 12 de Abril do mesmo ano, Baden-Powell chega a Lisboa acompanhado de sua esposa e 700 Dirigentes ingleses. Devido ao seu precário estado de saúde não pôde sair do barco, mas um garboso desfile com cerca de 2 mil Escutas foi ao cais saudar o Chefe Mundial que nos visitava pela segunda vez. Em Novembro foi publicado o novo Regulamento onde aparece oficialmente a nova designação de Escutas em substituição de “Scouts”, desaparecendo definitivamente o CNS para aparecer o CNE.
1936 é um ano difícil para o CNE, talvez o mais crítico de toda a sua existência! A Organização Escutista de Portugal é extinta pela Portaria n.° 8488, publicada no Diário do Governo de 13 de agosto de 1936, e o CNE volta a regular-se pelo Decreto n.° 10589, de 14 de fevereiro de 1925. A situação é crítica porque a oficialização dos movimentos juvenis por parte da Igreja e do Estado deixaram o escutismo como que ao abandono, mas a coragem, dedicação e espírito escuta de um bom punhado de Dirigentes afastaram o perigo e evitaram o naufrágio, e assim, em Agosto desse ano, já se realizava em Leiria o 6.° Acampamento Nacional.
No meio das dificuldades surgem notas de apreço e reconhecimento de dois amigos do CNE: suas Santidades Pio XII e Paulo VI.
“E que a Associação Portuguesa de Escutas Católicos pelos seus muitos e grandes serviços prestados… bem merece da Igreja. Mais de 60.000 jovens ele procurou formar no Amor e na Prática da Fé, da Piedade, da Caridade e das outras virtudes.”
E em 1934, em nome de Pio XII, escreve ainda J. B. Montini: «É também digno de todo o louvor o espírito que tem animado o CNE: fidelidade e obediência à Hierarquia, para “bem servir” e “da melhor vontade”».


E, em 1950, procede-se à aprovação de novos Estatutos e publica-se novo Regulamento Geral. Aliás, estas duas décadas que se vão seguir (50/60) parecem ter dado origem a uma pequena “revolução” após as vicissitudes atrás referidas. Com efeito, ainda em 1950 (a 5 de novembro) a Junta Central transfere-se para Lisboa e nos anos seguintes vários dirigentes deslocam-se ao estrangeiro (nomeadamente a Gilwell Park, em Londres) para frequentarem Cursos de Formação de Dirigentes. Sucedem-se os Campos-Escola e os Acampamentos Nacionais que continuam a reunir já não centenas, mas milhares de Escutas.

O CNE cresce a olhos vistos e assiste, em1963, à inauguração, em Fraião, de um Campo-Escola permanente que incrementará, sem dúvida, as possibilidades de Formação de Dirigentes.
Com as transformações da sociedade portuguesa, que viria assistir à Revolução de Abril de 1974, também no CNE se operam transformações. Em julho de 1974, a Junta Central considera-se demissionária e o Conselho Nacional nomeia uma Comissão Executiva que passa a gerir a Associação. Este processo conduz à aprovação dos novos Estatutos, em 9 de março de 1975, em consequência dos quais é empossada a 1.ª Junta Central eleita por sufrágio direto tendo como Chefe Nacional Manuel António Velez da Costa, qual viria a ser reconduzido no cargo em 1980, igualmente através de eleições nacionais.
Em 1976, uma conclusão do Conselho Nacional admite, com condições, a admissão de jovens de sexo feminino para as várias secções, altura que é considerada por alguns sectores da associação como o lançamento da coeducação no CNE.
Em 1980, finalmente, em Ermesinde, o Conselho Nacional reúne extraordinariamente para lançar um novo Sistema de Formação de Dirigentes.
Com o seu mandato a terminar, a equipa de Velez da Costa, numa “ponta final impressionante”, consegue dirigir a Associação num caminho que passou, em 1981, por uma revisão estatutária (concluída em 26 de setembro) até à revisão geral do regulamento do CNE, que ficaria concluída em princípios de 1984, para entrar em vigor em 1 de março do mesmo ano. No ano seguinte (29.05.1982), uma representação dos Comités Mundial e Europeu deslocam-se a Portugal, onde entregam ao CNE e à AEP, que recentemente haviam fundado e constituído a FEP (Federação Escutista de Portugal), o respetivo diploma. Caminho que assistiu ainda à realização do 16.° Acampamento Nacional em Setúbal, em 1983, numa altura em que davam os primeiros passos do acordo celebrado entre o CNE e o MSC (Movimiento Scout Católico de Espanha), após uma Cimeira Ibérica das duas associações. Tudo, entretanto, recheado com duas prendas: a “Medalha de Bons Serviços Desportivos” e o reconhecimento do CNE (Escutismo Católico Português) como Instituição de Utilidade Pública, conforme despacho do Primeiro Ministro, publicado no Diário da República, II série, de 3 de agosto de 1983 (Despacho de 20 de julho de 1983).
Atualmente o CNE conta com perto de 70.000 associados, cerca de 1030 agrupamentos locais em todo o território nacional e regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Estes agrupamentos são as unidades de base locais do movimento escutista, de base paroquial, e são a forma como o CNE está presente em cada comunidade.